Visão turva. A busca pela realidade; minha claridade. Esforço-me sem necessidade, pois ela sempre está a minha frente, observando-me, zelando pelo meu conforto no intuito de que eu note sua presença para que eu possa então, em alívio, sorrir novamente. Ali ela se encontra, manhã após manhã; após lutas, insanidade, desespero que, assim como a cor da tinta, desbota com sua luz. Ela não descansa à noite, na ânsia de responder seu chamado, seu único dever: visitar-me, iluminar, invadindo meu quarto, meus monstros, minha janela, a persiana e seus delicados vazios – meus vazios – que se preenchem com sua chegada, tornando-se completos mesmo que por um momento ilusório, efêmero.
O ritual se repete todas as manhãs. E quem seria eu para me opor? Não há reza no mundo que se faça que proíba sua entrada. “Se não pode vencê-los, junte-se a eles”, ouvi em alguns momentos. Porém, não estou meramente me rendendo, e se algum dia ouvires que não quero sua companhia, eu estarei mentindo, pois também aguardo ansiosamente sua chegada; junto dela, sua energia, seu brilho, a incorporação da segurança em cada curva que toma forma na parede do meu quarto, na estante, nos livros, nos souvenires que já não lembrava. E toca minha mão, braço, ombro; estamos corpo a corpo, desbravando meu rosto, permitindo-o se sentir suavemente quente e vivamente em paz. Enquanto escuto sua doce voz que para mim canta uma segunda chance; o verdadeiro despertar. E com a calma que domina minha feição e angústia, agradeço sua silenciosa vinda.
Imagem: John Loo
O ritual se repete todas as manhãs. E quem seria eu para me opor? Não há reza no mundo que se faça que proíba sua entrada. “Se não pode vencê-los, junte-se a eles”, ouvi em alguns momentos. Porém, não estou meramente me rendendo, e se algum dia ouvires que não quero sua companhia, eu estarei mentindo, pois também aguardo ansiosamente sua chegada; junto dela, sua energia, seu brilho, a incorporação da segurança em cada curva que toma forma na parede do meu quarto, na estante, nos livros, nos souvenires que já não lembrava. E toca minha mão, braço, ombro; estamos corpo a corpo, desbravando meu rosto, permitindo-o se sentir suavemente quente e vivamente em paz. Enquanto escuto sua doce voz que para mim canta uma segunda chance; o verdadeiro despertar. E com a calma que domina minha feição e angústia, agradeço sua silenciosa vinda.
Imagem: John Loo
Wow que texto maravilhoso.
ResponderExcluirAmei demais a forma que usou as palavras <3
Tanto sentimentos, tanta reflexão =)
Vou compartilhar
Beijos
Sai da Minha Lente
Muito obrigada, Clayci <3
ExcluirCaraca, que texto! Você escreve incrivelmente bem e consegue passar emoção em cada palavra que escreve. Parabéns pelo talento! :D
ResponderExcluirObrigada, Amanda! Seja bem-vinda!
ExcluirParabéns pela escrita! Achei o texto bem profundo e gostei da forma como explica a importância do surgimento da claridade (pelo contexto imagino que seja a luz do sol surgindo nas manhãs).
ResponderExcluirSim! É o sol, a claridade, a segunda chance <3
ExcluirQue texto profundo, parabéns mesmo um lindo texto,aqui na casa que estou morando no meu quarto não tem janela eu detesto, amo essa sensação que o sol causa entrando pela janela ao amanhecer!
ResponderExcluirClaridade é tudo de bom, ainda mais na hora de acordar.
ExcluirAmo seu blog, amo os posts, amo tudo. Que texto lindo e pessoal, é interessante transformar o objeto como algo em primeiro plano a se discorrer.
ResponderExcluirSim, às vezes coisas simples e corriqueiras passam despercebidas pela gente, até notarmos o quão importante elas são e o quão bem elas nos fazem. Deveríamos sempre prestar atenção nesse detalhes.
ExcluirOi! Tudo bom?
ResponderExcluirEu já era apaixonada por suas fotos. Agora sou apaixonada pelas suas palavras. Que texto lindo e profundo, mesmo que diga sobre algo tão mundano (e ao mesmo tempo, divino) quanto um amanhecer...
Abraços,
Gislaine | Literalize-se
Sim, aqueles detalhes que não notamos que nos fazem feliz <3
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ResponderExcluirPalavras bem escolhidas. Português bem escrito. ;)
Gosto de reflexões profundas como esta.
x
Paulinha || www.paulamusique.com
Obrigada, Paula!
ExcluirÉ engraçado como alguns dias a gente foge da realidade e outros a gente corre de peito aberto para recebê-la como se pudéssemos realmente a engolir com a alma. A janela, a luz, a realidade imutável do mundo lá fora, por vezes assustadora, por vezes avassaladora, por vezes encorajadora, que nos desperta tantas reações. Lindo texto, Amanda!
ResponderExcluirSim, temos que dar ouvidos a esses dias que nos sentimos mais sensibilizados às coisas a nossa volta <3
ExcluirCaraca, eu senti tantas coisas diferentes lendo seu texto... Às vezes identificação, às vezes curiosidade, às vezes até certa melancolia. Amanda, menina, você escreve MUITO BEM! Sério mesmo...
ResponderExcluirPor vezes a melancolia pode ser algo lindo. Muito obrigada, Luly!
ExcluirReflexão pura. Obrigada por esse texto, eu amei o jeitinho que você escreve. Parabéns pela profundidade, quero mais textos assim, Amanda!
ResponderExcluirEstou trabalhando neles! Obrigada, Gabi!
ExcluirBelissima reflexão e que texto lindo hein? Já era apaixonada pelas suas fotografias ai agora você escreve uma coisa bela como essa <33
ResponderExcluirAhh obrigada, guria <3 Volte sempre!
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